Estudando a Bossa
Banda de Tom Zé:
Lauro Léllis: Bateria e design de percurssão
Daniel Maia: Baixo, guitarra, violão e vocal
Jarbas Mariz: Cavaquinho,percurssão, vocal
Cristina Carneiro: Teclados, vocal
Tom Zé: Arranjos
Produtor e diretor artístico:Daniel Maia
Coordenação da produção: Neusa Martins
Assistente de produção: Tania Lopes
Sound designers: Marcelo Schulze Blanck e Gustavo Garbato
Técnico: Guilherme Garbato
Figurino: Laura Huzak Andreato
Fotografia: André Conti
Projeto Gráfico: Olívia Ferreira e Pedro Garavaglia / radiográfico
Assistente de produção Biscoito Fino: Raquel Deleuse
Coordenação geral: Joana Hime
UMA REALIZAÇÃO BISCOITO FINO 2008
Direção geral: Kati Almeida Braga
Direção artística: Olivia Hime
AGRADECIMENTOS:
A Mãe Melânia, guia espiritual.
A meu pai, Éverton, cuja firmeza sustentou uma família enorme.Às pinturas de minha mãe, Helena.
A João Marcello Bôscoli, por sua idéia sobre cantoras.
À minha tia Gilka, que me levou a Salvador.
A Nemésio Salles, que me levou ao CPC.A Cassiano Elek Machado, pela assessoria intelectual.
A BN, A PONTE E O PODEROSO FEMININO
A tecnologia empregada pela engenharia brasileira na construção
da Ponte Rio-Niterói inspirou-se numa tradução intersemiótica, para
o ferro e o concreto, daquilo que a BN, abusiva e graciosamente, praticou antes, com notas
musicais deslocadas para o tempo fraco do compasso.Neste momento é preciso referir-se ao feminino.
O termo vem da própria teoria musical, que chama as finalizações no tempo fraco de “terminação feminina”.
Pergunto: há algo mais feminino que as síncopes da BN e suas colegas,as plataformas flutuantes? Estas,
desajeitadas e gigantescas, aquelas, frágeis e suaves. Ambas abandonadamente entregues à força das ondas
da graça e da leveza.A profundidade da folha d’água da Baía de Guanabara era um problema crítico para a
engenharia brasileira na construção da ponte. Então, essa bossa-nova, essas sincopadas e femininas plataformas
que flutuam foram capazes de portar o linga cósmico que estuprou o solo profundo da baía, para assentar as
fundações e resolver o problema da construção da Ponte Rio-Niterói.
E, tanto quanto a estética da BN, essa tecnologia foi um protótipo, um design inaugural, que a nossa
engenharia passou a exportar. Donde a dobrada vitória do feminino: duas femininas soluções dacabeça brasileira
acabaram se mostrando suficientemente consistentes para que aquela terra então longínqua, cuja capital fosse talvez
Buenos Aires ou Bogotá, se tornasse um País mais conhecido e confiável no exterior. No caso da BN, esta permitiu
ao Brasil ser protagonista de um fato inédito, seja na moderna história seja na história da antigüidade: um
povo começa o ano como exportador de matéria-prima, i. é, o grau mais baixo da aptidão humana e antes que o planeta
complete sua translação esse mesmo povo se apresenta ao mundo como exportador de Arte, i.é, o grau mais alto
da aptidão humana.Esse ano foi 1958.
A carreira de Tom Zé teve início nos loucos anos 60, época em que colocar um “disco na vitrola”, ligar um rádio ou TV, era motivo de surpresa, de beleza nova, provocadora. Em todos os países do mundo a criatividade transbordava pelos meios de comunicação e o público consumidor queria sempre mais, seja na área da MPB, do rock, do jazz ou da música de concerto.
Dizer que Tom Zé “participou” daquele momento histórico, é injusto. Ele foi, isto sim, um dos principais responsáveis na época pelo que houve de mais revolucionário e talentoso em nossa música. E, por um acidental e saudável contato com um grande músico norte-americano, seu trabalho espalhou-se com facilidade mundo afora, provando que não se tratava de “gracinhas” de um baiano perdido no caos paulista, mas de obra de expressivo estofo universal.
De lá para cá, não só no Brasil, mas na maior parte do mundo tido como civilizado, muita coisa mudou. Parece que o deslumbrante progresso da máquina de comunicação eletrônica agiu como inimigo da criatividade musical. Quanto mais iPods, piores são os repertórios consumidos. Mesmo grandes artistas brasileiros, que participaram com grande intensidade daqueles excitantes anos 60, ou se retiraram ou passaram a fazer uma música, às vezes bela, mas sem maiores propostas.
Este não é o caso de Tom Zé. Sua inquietante mente centrífuga e centrípeta nos revela novas idéias sonoras, comportamentais, artísticas a cada ação sua, seja num palco, num disco ou num pronunciamento. Aquela irreverência típica do Tropicalismo que lhe deu origem, está presente hoje em seu comportamento cultural mais que nunca.
Mais uma surpresa Tom Zé nos oferece agora com seu CD Estudando a Bossa para a Biscoitofino, verdadeiro QG da música inteligente e criativa brasileira atual. Nesta época em que as pessoas contemplam e praticam a Bossa Nova, quase como um refúgio espiritual saudosista de algo criado há 50 anos atrás, pleno de melodias, graça, beleza, talento, descontração, otimismo, charme, refinamento, qualidade musical, provocação, autenticidade etc, etc, ele nos revela a mais original leitura daquele momento artístico, a partir de uma ótica bem humorada, verdadeira crônica de um passado inesquecível, com vistas para futuro.
Tudo que serviu de matéria prima da Bossa Nova está deliciosa e anarquicamente presente em seus versos, atuações vocais, arranjos, toques de violão, maneirismos, dialetos, sotaques, expressões; do nome dos participantes, às palavras chaves (barquinho, sol e sal, chega de saudade, bada-badi, bada-badá, biom-bom), da citação às musas femininas a componentes essenciais, como a síncopa ou Copacabana, do panorama sonoro da época, com o samba-canção abolerado, trágico, do ninguem-me-ama/ninguém-me-quer, às polemicas despertadas pela implantação do novo gênero musical e assim por diante.
Esse verdadeiro documentário sonoro, bem século XXI, de um espaço musical inesquecível e imorredouro de nossa alma, vai certamente nos levar a estudar Tom Zé mais uma vez, como ele estudou para nós, à sua moda, a Bossa Nova.
Maestro Júlio Medaglia
0. Introdução:BRAZIL, CAPITAL BUENOS AIRES
1. RIO ARREPIO (BADÁ-BADI)
2. BARQUINHO HERÓI
3. JOÃO NOS TRIBUNAIS
4. O CÉU DESABOU
5. SÍNCOPE JÃOBIM
6. FILHO DO PATO
7. OUTRA INSENSATEZ, POE!
8. ROQUENROL BIM-BOM
9. MULHER DE MÚSICA
10. BRAZIL, CAPITAL BUENOS AIRES
11. AMOR DO RIO
12. BOLERO DE PLATÃO
13. SOLVADOR BAHIA DE CAYMMI
14. DE: TERRA; PARA: HUMANIDADE
0. Introdução: BRAZIL, CAPITAL BUENOS AIRES 0m20s Autor: Tom Zé Intérpretes: Fernanda Takai/Tom Zé Editora: Irará 1. RIO ARREPIO (BADÁ-BADI) badá-badi badá báTom badá badia dirá que o Rio badá-badi badá báTom batiquitum (bis) badá bá-dia de sol fogaréu Arpoador ter que deixar o Leblon Ainda não me refiz Maysa, Dolores, Leila Diniz Por isso na Lapa boêmia se diz que na canção do País badá-badi, etc.. sob a janela Jobim que podem mostrar o pudim badá-badi, etc.. |
||
2. BARQUINHO HERÓI 02m45s BRPUI080028B Autores: Tom Zé / Arnaldo Antunes Intérpretes: Guilherme Kastrup: percussão; Arthur Nestrovski: violão (participação especial); Daniel Maia: baixo; Iris Salvagnini, Luanda, Jarbas Mari. e Daniel Maia: backing vocal; Tom Zé e Mônica Salmaso: vozes Editoras: Irará / Rosa Celeste Beira do mar Beira-mar Quando o barquinho me disse adeus, ai Deus, Ao longe, lá no sem-fim |
||
3. JOÃO NOS TRIBUNAIS 02m48s BRPUI0800289 Autor: Tom Zé Intérpretes: Daniel Maia: violão; Tom Zé: voz. Editora: Irará Se João Gilberto tivesse um processo aberto “Chega de saudade” – por Elizeth Cardoso, Mas quatro meses depois 0 coitado foi chamado de cantor desafinado, o mundo curva-se, desova, 0 Carnegie Hall foi importante |
||
4. O CÉU DESABOU 03m38s BRPUI0800290 Autor: Tom Zé Intérpretes: Guilherme Kastrup: percussão; Daniel Maia: violão e baixo; Cristina Carneiro: teclados; Íris Salvagnini, Luanda, Jarbas Mariz e Daniel Maia: backing vocal; Tom Zé e Tita Lima: vozes Editora: Irará. (Para os cantores da época,a BN foi um terremoto) Mas tu já viste a bossa nova, Mas foi por causa dela que o céu desabou Ali reinou Caubi, Marlene, Sapoti Mas tu já viste a bossa nova……………… etc. Nem os clarins da banda militar Nem aquele trágico “manchei o teu nome!” *”serca“ é com s de Sérgio |
||
5. SÍNCOPE JÃOBIM 02m54s BRPUI0800291 Autor: Tom Zé Intérpretes:Guilherme Kastrup: percussão; Daniel Maia: violão, baixo, cavaquinho e guitarra; Íris Salvagnini, Luanda Jarbas Mariz e Daniel Maia: backing vocal; Tom Zé e Andréia Dias: vozes Editora: Irará. ai ai ai!, ei ei ei!, oi oi oi oi!, ui ui ui! Antonio Carlos Jobim, Menescal No Brasil reinava então Que trouxe de Juazeiro,
.
|
||
6. FILHO DO PATO 03m13s BRPUI0800292 Autores: Tom Zé / Arnaldo Antunes Intérpretes: Guilherme Kastrup: percussão; Daniel Maia: violão e baixo; Marcelo Schulze-Blanck: didgeridou; Iris Salvagnini, Luanda, Jarbas Mariz e Daniel Maia: backing vocal; Tom Zé e Márcia Castro; vozes. Editoras: Irará / Rosa Celeste Tico-tico no fubaco 0 filho do pa…pati-quitu, pati-quitu E o filho do gan… eh eh eh Mas a rosa que era famosa 0 pato-pai E o neto do cisne Mas a rosa formosa, cheirosa, ti-tico no fubaco, ensaiando o vocal …………. etc.
|
||
7. OUTRA INSENSATEZ, POE! 03m54s BRPUI0800293 Autor: Tom Zé Versão inglesa: David Byrne Intérpretes: Guilherme Kastrup: percussão; Daniel Maia: violão e baixo; David Byrne: guitarra; Iris Salvagnini, Luanda: backing vocal; Tom Zé e David Byrne: vozes. Editoras: Irará / Moldy Fig Music, Inc/BMI
No amor meu amor me deixou na porta da rua OTHER STUPID STUFF I DID You’re inside, oh my love, and you left me
|
||
8.ROQUENROL BIM-BOM 03m03s BRPUI0800294 Autor: Tom Zé Intérpretes: Guilherme Kastrup: percussão; Daniel Maia: violão e baixo; Jarbas Mariz: bandolins; Iris Salvagnini, Luanda, Jarbas Mariz e Daniel Maia: backing vocal; Tom Zé e Jussara Silveira: vozes. Editora: Irará / Trama Bim-bom bim-bom … … … … … Um roquenrol, obladi, Vai passando nos quintais Um roquenrol
|
||
9.MULHER DE MÚSICA 02m16s BRPUI0800295 Autores: Tom Zé / Arnaldo Antunes Intérpretes: Guilherme Kastrup: percussão; Daniel Maia: violão e baixo; Iris Salvagnini, Luanda, Jarbas Mariz e Daniel Maia: backing vocal; Tom Zé e Fabiana Cozza: vozes. Editoras: Irará / Rosa Celeste A Doralice me disse no desconsolo seu Mulher de música Refrão Marina assim toda pintada parece um pincel Mulher de música… … … … etc. |
||
10. BRAZIL, CAPITAL BUENOS AIRES 03m39s BRPUI0800296 Autor: Tom Zé Intérpretes: Guilherme Kastrup: percussão; Daniel Maia: violão e baixo; Jarbas Mariz bandolis; Iris Salvagnini, Luanda: backing vocal; Tom Zé e Fernanda Takai (gentilmente cedida por DECK DISC) : vozes Editora: Irará No dia em que a bossa nova inventou Brazil E na cultura-Hollywood o cinema dizia Naquele Rio de Janeiro o tango nasceu Originária das tangas Jamelão na verde-e-rosa No dia em que … … … etc. |
||
11. AMOR DO RIO 03m26s BRPUI0800297 Autor: Tom Zé Intérpretes: Guilherme Kastrup: percussão; Daniel Maia: violão e baixo; Cristina Carneiro: teclados; Tom Zé e Zélia Duncan (gentilmente cedida por UNIVERSAL) : vozes. Editora: Irará 0 Rio era lindo demais que também dava sinais, E desconsolados olhares piscando sobre os mares Dos contratempos musicais aí que nosso engenheiro esperto fez aquele (bom) sambinha-herói |
||
12. BOLERO DE PLATÃO 02m36s BRPUI0800298 Autor: Tom Zé Intérpretes: Guilherme Kastrup: percussão; Daniel Maia: violão e baixo; Cristina Carneiro: teclados; Iris Salvagnini, Luanda, Jarbas Mariz e Daniel Maia: backing vocal; Tom Zé e Marina De La Riva (gentilmente cedida por DECK DISC): vozes. Editora: Irará En noche de ronda sobe ni mim Perfume de gardenia 0 amor puro mandou dizer por e-mail
|
||
13. SOLVADOR BAHIA DE CAYMMI 03m51s BRPUI0800299 Autor: TOM ZÉ / versão em inglês CHRISTOPHER DUNN Intérpretes: Guilherme Kastrup: percussão; Daniel Maia: violão, guitarra e baixo; Jarbas Mariz: bandolins; Iris Salvagnini Luanda, Jarbas Mariz e Daniel Maia: backing vocal; Tom Zé e Anelis Assumpção: vozes. Versão inglesa: Christopher Dunn Editora: Irará / Irará Quando Caymmi criou Bahia que padece de usura Buda que ensaia Gandhi gandaia Baco tocaia Mãe Menininha Aqui em Solvador Bahia tudo,
Right here in Salvador Bahia people Budha comes out to jam in pijamas at the street fair My Menininha
|
||
14. DE: TERRA; PARA: HUMANIDADE 03m49s BRPUI0800300 Autor: Tom Zé Intérpretes: Guilherme Kastrup: percussão; Daniel Maia: violão e baixo; Cristina Carneiro; teclados; Tom Zé e Badi Assad: vozes. Editora: Irará Eu sou a regra três Vai, coração, São tantos cios No seu proveito farei sobrar Ai ai ai Dindi, Reservo todo o ar Vai, coração, É melhor repensar
|